31 de dezembro de 2013

Desafios e oportunidades

O World Resources Institute apresenta um excelente artigo (The Global Food Challenge Explained in 18 Graphics) sobre os desafios que enfrentamos nas próximas décadas para alimentar a população mundial. Um futuro sustentável passa por satisfazer 3 necessidades em simultâneo: reduzir o gap alimentar, apoiar o desenvolvimento económico e diminuir o impacto ambiental da agricultura.

O menu de soluções apontadas deve ser visto como um leque de potenciais oportunidades para o nosso país: reduzir os desperdícios agroalimentares, alterar os padrões de consumo para dietas mais sustentáveis, aumentar a produtividade agrícola, melhorar a gestão do solo e da água, desenvolver técnicas de produção em zonas degradadas, e aumentar a produtividade na aquacultura.

30 de dezembro de 2013

Vinhos de Portugal

A importância e o enquadramento da promoção da marca Wines of Portugal

De louvar o apelo da ViniPortugal a uma maior participação das empresas do sector na promoção dos vinhos portugueses.

Mas se somos o único país do mundo com mais de 250 castas indígenas precisamos de capitalizar muito mais esta vantagem competitiva. Se não temos a escala mundial, precisamos de ser mais inteligentes no marketing.

Em particular, a promoção dos vinhos portugueses poderá ser extraordinariamente bem sucedida se for promovida uma maior interligação das instituições responsáveis pelo desenvolvimento do sector com os agentes turísticos locais e internacionais.

Por exemplo na Argentina e no Chile, o vinho é apresentado na promoção turística não apenas como produto, mas como uma experiência a não perder. Essas experiências existem em Portugal mas precisam de mais visibilidade junto dos operadores turísticos.

E a promoção do vinho português devia começar na chegada às nossas fronteiras digitais, terrestres, marítimas e aéreas. Os turistas podem ser o maior embaixador dos vinhos portugueses além fronteiras, muito mais eficazes que qualquer campanha publicitária.

Também seria benéfica uma maior interligação com as indústrias a montante e a jusante. A melhor prova de vinhos que fiz até hoje foi ministrada por um fabricante de copos de vidro. E são muitos os lares anglo-saxónicos que visitei onde se consumia vinho regularmente mas não havia um saca-rolhas para abrir uma garrafa de vinho português.

Menos "Wines of Portugal", mais "The Portuguese Wines Experience".

Pontos de vista

Biotecnologia: coragem para definir uma nova política para os OGMs na União Europeia:
A atual legislação europeia em matéria de transgénicos estrangula a inovação na agricultura e na cadeia alimentar, aumenta os custos para o setor agropecuário (5 biliões de €). Por outro lado, não podemos usar matérias-primas que foram aprovadas nos EUA, Brasil, Argentina ou Canadá, não podemos importar produtos que cada vez são mais cultivados, e produzidos, fora da União Europeia mas, ao mesmo tempo, a União Europeia abre as portas à importação de leite, carne e ovos provenientes de animais alimentados com matérias-primas que nos são negadas.
Qual serve melhor os interesses do nosso país? Acelerar os processos de aprovação de OGMs na UE como defende Jaime Piçarra - que se apresenta como "representante dos setores da alimentação animal e humana no dossier da biotecnologia"? Ou fomentar mecanismos que reduzam/eliminem a concorrência desleal suscitada pela utilização de OGMs em outros países?

28 de dezembro de 2013

Sobre o abandono (e o excesso de investimento)

Passámos as últimas décadas a ouvir discursos de despedida e elogios fúnebres à agricultura portuguesa: Por causa da PAC e de muitas causas, vozes do povo e elites encartadas concordaram que a agricultura acabara em Portugal, se não acabara faltava pouco, não tinha futuro, etc., etc. Recordo-me de tentar avisar que “as notícias da nossa morte eram claramente exageradas”, mas poucos me leram e acreditaram. Depois veio a crise para o resto da economia e as “novas oportunidades”, as “novas tecnologias” e os sonhos de um emprego como funcionário público atrás de uma secretária foram todos por água abaixo e o pessoal lá teve de sair da sua “zona de conforto”, uns emigrando à procura de emprego, outros deixando as ideias feitas sobre o fim da agricultura e arriscando investir numa actividade que, afinal, talvez desse para sobreviver e, claro, tinha apoios para a instalação. E assim, o país do “êxodo rural” que se lamentava com o abandono da agricultura, porque “os jovens não querem trabalhar a terra”, ficou a saber que se inverteu a tendência e passaram a “instalar-se” na agricultura 280 jovens por mês. E agora?
(...)
Com mais ou menos adversidades climáticas ou problemas técnicos, a produção irá vingar. Resta depois o desafio do mercado. Organizar a comercialização. Refundar cooperativas ou impulsionar novas organizações de produtores. Defender a produção face à pressão de intermediários e grande distribuição, que tem direito ao lucro, mas que se forem deixados “à solta” vão querer ganhar num dia mais do que o produtor ganha num ano. Haja coragem do poder político para lançar leis que regulem o mercado (como a recente lei que penaliza as promoções abusivas), para vigiar a sua execução e haja trabalho das organizações agrícolas para defender essas leis e exigir o seu cumprimento, pois é no mercado que se valorizam os produtos agrícolas e será do mercado que virá o retorno para pagar o investimento e o esforço de quem abraça o trabalho na terra.
Jovens agricultores: o caminho faz-se ao andar?

19 de dezembro de 2013

Com amigos destes...

Mandem vir os frangos com cloro. Os bancos europeus agradecem.
As negociações entre a União Europeia e os Estados Unidos para um acordo global de comércio, que estão a decorrer esta semana em Washington, estão a ser entravadas pelo sector agrícola. Basicamente, os pontos de discórdia são os produtos geneticamente modificados, os frangos lavados com uma solução de cloro, as quotas leiteiras e uma guerra do queijo feta grego. Já no acordo celebrado com o Canadá, a agricultura foi um ponto de discórdia e, na altura, a Comissão cedeu numa série de pontos para conseguir vantagens para outros sectores, como o financeiro.
Acordo União Europeia - Estados Unidos

18 de dezembro de 2013

12 de dezembro de 2013

Lei do eucalipto é erro histórico

A "lei do eucalipto" não contribui para o aumento da produtividade da indústria florestal, tem efeitos negativos na biodiversidade e aumenta o risco de incêndios.

Eugénio Sequeira:
Os povoamentos (a que se chama impropriamente floresta) ocupam aproximadamente 38% do território (dos quais a maioria é eucalipto), os matos ocupam 22% e estão em expansão, a agricultura ocupa 33% do território e está em decréscimo (acentuado pelo abandono), as águas interiores 2%, enquanto os solos urbanos e selados são 5% do território nacional. Mas o maior problema reside não no eucaliptal em si mas na forma como ele está ordenado, ou melhor, desordenado e como ele é, ou melhor, como ele não é, gerido.
De facto, dos 813 milhares de hectares de eucaliptal, 93.000 hectares são povoamentos mistos de eucalipto com pinheiro, o que indica uma gestão deficiente; 70.000 hectares têm um coberto inferior a 50%, o que indica má ou mesmo gestão inexistente e baixa produtividade, 400.000 hectares apresentam menos de 600 árvores por hectare, indicando igualmente deficiência de gestão e 100.000 hectares dos povoamentos “ditos puros” (isto é, apenas eucaliptos) apresentam idade superior a 12 anos (muito para além da idade ideal de corte), mais uma vez indicando má gestão.
A má gestão ou ausência de gestão ocorre em bem mais de 600.000 hectares (80% do chamado eucaliptal) em que a produtividade anual será pouco maior do que cinco metros cúbicos por hectare. Ora, os terrenos geridos pelas indústrias e pelos bons produtores atingem valores duas a quatro vezes essa produtividade, e o risco de incêndios é muito inferior. As áreas sem gestão ou com gestão deficiente constituem na maioria dos casos verdadeiros “barris de pólvora”, responsáveis pela grande dimensão dos fogos, pela degradação dos solos e das águas.

Decreto-lei nº 96/2013: um erro histórico só comparável à Campanha do Trigo


9 de dezembro de 2013

Agricultores a prazo

Quando o capital pode ser obtido a custo negativo, a alocação tende a ocorrer em excesso e em projectos cuja rentabilidade é duvidosa.

OMC - I

Que o pacote aprovado é significativo já percebemos. Queremos é saber qual o impacto real para a agricultura portuguesa.

Transgénicos antigénicos

Os transgénicos não são propriamente consensuais. Se por um lado a comunidade científica é a favor, por outro lado os pequenos e médios agricultores tendem a ser contra e os consumidores têm muitas dúvidas.

A favor jogam uma panóplia de estudos científicos que indicam não haver riscos para a saúde pública. Contra, está o facto de muitos desses estudos serem patrocinados directa ou indirectamente pelas multinacionais dos transgénicos.

Do ponto de vista ambiental é difícil encontrar argumentos a favor dos transgénicos, com excepção da salvação de algumas espécies em situação de risco e do desenvolvimento de variedades adaptadas a locais com condições edafo-climáticas mais complicadas.

A contaminação irreversível do património genético, a perda de biodiversidade e o risco associado à adopção crescente de práticas monoculturais optimizadas para a maximização da produção em detrimento da sobrevivência das espécies, são problemas muito graves a médio/longo prazo e que não estão a ser devidamente acautelados pela nossa sociedade.

Social e economicamente, os transgénicos também não têm nada a dar a Portugal. As empresas que detêm a tecnologia contam-se pelos dedos de uma mão. E nenhuma é portuguesa.

Se quisermos defender a sustentabilidade a longo prazo da nossa agricultura e transmitir a imagem de uma indústria agro-alimentar sustentável precisamos de uma política nacional que proíba a utilização de transgénicos. Portugal como zona livre de OGMs pode ser um excelente elemento diferenciador para as nossas indústrias agro-alimentares.

7 de dezembro de 2013

5 de dezembro de 2013

Vantagens do empreendedorismo agrícola

Uma coisa é certa, esta vaga de empreendedorismo agrícola está a provocar um verdadeiro “boom” nas empresas de consultoria e formação do sector.